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O esbulho possessório do lugar – por Marquelino Santana

Na embaçadela da vida, o ente humano esfacela-se para livrar-se das alicantinas ardilosas da sociedade envolvente que com as suas manobras ardilosas e insolentes, continuam praticando seus espoliantes malefícios em desfavor dos territórios ancestrais e tradicionais da Amazônia brasileira.

Esse comportamento desajuizado acelera a hostilização ignóbil dos modos de vida das coletividades que dependem da originalidade do lugar para arrancar da terra o sustento sagrado da imaculada sobrevivência. Sem a volúpia virtuosa do lugar, essas briosas populações perdem a exaltação dos sentidos, perdem a axiologia do pertencimento pelo espaço vivido, perdem a empatia encantatória pela natureza, e perdem as mitologias devaneantes de suas transcendentais encantarias florestais.

O esbulho possessório do lugar - por Marquelino Santana - News Rondônia

A casa (Xumitxa) Kaxarari precisa continuar preservada com toda a sua magnitude e exuberância, adormecida sob a proteção divinal do poderoso Deus Tsurá. O guerreiro Huni jamais se renderá aos avanços desenfreados da globalização hegemônica financeira, e continuará lutando pelos ritos e mitos do pertencimento inefável do lugar. A criança Kaxarari continuará transportando o seu precioso mel no pote de barro (mapupahu) trazido do rio Abunawaka, enquanto o seu valente cacicado continuará eternamente defendendo os direitos constitucionais de suas ancestrais coletividades da Amazônia Sul – Ocidental brasileira.

Em outro lugar, ainda pareço escutar o caminhar devaneante de um intrépido menino beiradeiro em estesia, pisoteando os desmesurados varadouros que maviosamente cortam os mapas mentais dos seringais amazônicos. Com os seus peculiares sapatos de seringa, ele avançava recolhendo o látex das tigelinhas embutidas nas seringueiras e despejando aquele precioso leite num envelhecido balde de flandre que era cuidadosamente transportado até um pequeno tapiri de sua colocação para realizar o árduo processo de defumação da famosa borracha natural. Ainda pareço sentir o cheiro da fumaça do buião.

Não foi possível enfrentar o ódio humano violentador da sociedade envolvente reacionária, não foi possível resistir às ações avassaladoras do capital globalizante do poder financeiro hegemônico, não foi possível imobilizar as forças da violência externa desconstrutora dos modos de vida ancestrais, não foi possível impedir a desterritorialização enfadonha da morte e da perseguição, e não foi possível conter o esbulho possessório do lugar.

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