Eu quero que você grave isso na sua cabeça, ô cabecinha durinha, hein! Eu só tenho aluno cabeça boa, viu, igual a mim. Ter o título de licenciatura não quer dizer que este profissional tenha sensibilidade humana e tato para conduzir pessoas. Afinal, nem sempre a intelectualidade dialoga com a moralidade ou postura ética. Logo, onde está a postura incentivadora para identificar e compreender os cenários gerais dos seus alunos, no sentido de contribuir para que eles possam se tornar pessoas melhores?
Os profissionais da educação não devem se permitir comparar-se com seus alunos; afinal, essa postura representa uma total falta de maturidade emocional. Muitos desses profissionais, tidos como maravilhosos por alguns, passam anos no ambiente educacional externalizando falas perigosas e preconceituosas, verdadeiros crimes de bullying em sala de aula. Será que essa conduta em sala de aula contribui para a formação desses alunos? Como saem esses alunos depois de certas aulas? Como chegam em casa esses alunos?
Infelizmente, só me restou ser professora, uma profissão pouco ou nada valorizada e mal paga. Se esse profissional está tão infeliz, por que permanece nas instalações do ambiente de ensino? Quantos alunos crescem com o sonho de se tornarem profissionais da educação e se veem diante de falas carregadas de tamanha frustração? Os professores são seres humanos, bem sabemos, mas devem se atentar que, no exercício de suas atividades profissionais, não podem externalizar suas dores e queixas drásticas para os alunos. Quem não se lembra de um momento como esse em sala de aula?
“É lenta, viu, meu bichinho preguiça. Esse relógio parou no tempo. Todo mundo já terminou, só você permanece na sala ainda; eu preciso ir embora.” Cada pessoa tem seu tempo de resposta sobre as diversas questões da vida, seja por meio de falas, emoções, cognição, ou mesmo quanto à capacidade de dar materialidade para um propósito. Profissionais que utilizam expressões no diminutivo para manifestar falas discriminatórias são criminosos com carteira assinada.
Costumo sempre perguntar em minhas palestras e treinamentos: com quantas gargalhadas você está destruindo os sonhos das pessoas? Quer um exemplo dessa questão? Simples: alguns professores questionam seus alunos sobre o que eles querem ser quando concluírem os estudos, e eles começam a relatar seus sonhos. Nesse momento, um certo aluno diz que quer ser “médico de cabeça”, e o professor esboça nitidamente um sorriso de reprovação através de suas micro expressões faciais.
Você agora vai me dizer que essa comunicação transmitida não afeta aqueles alunos que trazem traumas silenciosos em suas vidas? É muito bom refletir sobre o papel incentivador de sonhos na sala de aula, e não transformá-la em uma câmara de tensão e desgosto, gerando tortura psicológica para esses alunos, independentemente do tipo de instituição, pública ou privada.
Trazer essas reflexões sobre o ambiente de ensino é colocar para fora vivências que tivemos no passado e que ainda existem nos dias atuais. Se você souber convidar seu filho ou sua filha, ao chegarem em casa, para um diálogo discreto e investigativo, poderá ter muitas revelações. Mas não se assuste, não demonstre angústia ou dor; seja imparcial.
Isso porque, muitas vezes, para proteger ou não querer machucar, seus filhos escondem suas dores oriundas da sala de aula. Então, vá construindo um plano de investigação, e, havendo situações críticas, busque apoio com advogados, Ministério Público e afins.
Mas é muito importante que você reflita: quanto eu já vivi na minha infância, adolescência, juventude e, por que não, na fase adulta da minha vida, tais realidades? Afinal, existem professores frustrados em todos os níveis de ensino. Respire, pacifique-se, mas busque apurar a vida dos seus filhos, e gestores escolares, atentem-se aos seus alunos.
Uemerson Florêncio – Empreendedor, treinador, palestrante e correspondente internacional de opinião em quatro continentes, abordando temas como análise da linguagem corporal, gestão da imagem, reputação e crises.